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Primeiro encontro imersivo com a diretora Greice Miotello e a musicoterapeuta Ana Claudia Dal Zot.

Foto do escritor: La Luna Cia de teatroLa Luna Cia de teatro


Se lançar dentro do universo da palhaçaria é sempre um grande desafio, é um exercício de escuta, reconhecimento, aceitação e acolhimento de si mesma. E no primeiro encontro imersivo do projeto O que meus pés me contam? não foi diferente. Eu, Emeli Barossi junto com a musicoterapeuta Ana Claudia Dal Zot fomos conduzidas pela pela palhaça/diretora Greice Miotello da Cia Traço de Florianópolis, a mergulhar dentro da menor máscara do mundo. Ao longo de 12 horas de trabalho, abrimos o corpo para dar espaço às palhaças Asmeline e Tica Ticatica; viajando pelo nosso subconsciente, visitando sensações e descobrindo a beleza de ser quem se é.


Quando escrevi o projeto “O que meus pés me contam?” tinha como um dos meus principais objetivos aproximar a minha pesquisa em palhaçaria com o trabalho e a pesquisa da musicoterapeuta Ana Claudia Dal Zot, que desde 2016 tem como foco de atuação o trabalho com pessoas com deficiência. Pensando na potência que seria misturar essas duas áreas, uma das ações desse projeto é realizar vivências artísticas que promovam a fusão da musicoterapia e da palhaçaria. Dessa maneira o primeiro intensivo desse projeto teve como intuito proporcionar um breve formação de palhaçaria para Ana Claudia Dal Zot e eu aprofundarmos juntas nosso olhar para linguagem da palhaçaria e também nos alinharmos artisticamente, a fim de compartilhar experiências e criar conexão para desenvolver as vivências artísticas deste projeto.


Iniciamos nosso encontro partindo de lugares diferentes: Eu que já possuía uma palhaça e venho trabalhando desde 2016 nesta figura; e Ana que tem sua formação artística na área musical e pela primeira vez estava embarcando em um processo de palhaçaria. A entrega e sintonia foi tanta que ao longo dos ensaios nos aproximamos e finalizamos o processo sentindo que estávamos compartilhando um mesmo lugar. Descobrimos o tempo presente, a força do olhar, aprendemos a escutar não só com o ouvido mas com o corpo inteiro. No primeiro dia do encontro brincamos, dançamos e rimos muito. Experimentamos muitas faces de nós mesmas, sentimos prazer e abrimos canal para o riso e o exagero. O riso é um lugar perigoso e viciante, é gostoso rir e fazer rir, e por gostar tanto dessa sensação sinto que às vezes nos perdemos nele e quando isso acontece ele deixa de libertar, ele vira fuga e limitação, um fórmula pronta que quer controlar ao invés de fluir.


Eu e Ana acabamos nos perdendo no exagero e no riso, demoramos um pouco, mas entendemos que riso nem sempre é graça, mas a graça está justamente na capacidade de nos afetarmos verdadeiramente com o que nos acontece, e isso traz o riso. Mas não só ele, muitos outros sentimentos nos atravessam e a beleza da palhaçaria mora nesse lugar onde podemos nos desnudar para assim poder se ver por inteiro, e gerar identificação daqueles que nos observam. Todos temos dores, saudades, raiva, medo, tristeza, esses sentimentos são difíceis de lidar e de mostrar. Mas o que senti nesse encontro é que quando encontramos a beleza desses lugares tocamos em um lugar revolucionário de transformação e libertação, pois aprendemos a nos amar e amar o outro por completo, até mesmo onde moram as maiores dificuldades. Sentir prazer de ser quem se é define para mim a experiência de ser palhaça.


Passar por essa experiência foi essencial para mim e para Ana, precisávamos sentir primeiro entre a gente a experiência de afetar e deixar ser afetada. Ao longo desses dois dias de trabalho, nossa condutora, Greice, nos chamou muita atenção para a questão do olhar. O olhar sempre precisa estar aberto, ele é nosso lugar de conexão e expressão mais potente, nossos olhos são as janelas da nossa alma. Outros pontos importantes que precisamos levar para as nossas vivências são: a sensação de estarmos aterradas e atentas para podermos jogar com as coisas que nos atravessam; e a importância da escuta e da conexão de corpo, isso está associado ao deixar se afetar, ouvir e receber antes de propor. Treinamos e aprendemos também nossa disposição e jogo com presente, com o improviso e a necessidade de estabelecer pontos de começo, meio e fim.

A cada passo sinto que entre a palhaçaria e a musicoterapia há mais pontos de encontros do que imaginamos, essas duas linguagem partem do lugar da escuta e da potência de cada indivíduo, acontecem no presente a partir do improviso e do jogo estabelecido entre as pessoas que compõem aquela ação. Seguimos para a próxima etapa do projeto alimentadas por tudo que vivemos e pelos olhares que trocamos. Agradeço imensamente a Greice Miotello pela condução certeira e cuidadosa e a musicoterapeuta Ana Claudia Dal Zot pela entrega e disponibilidade e agradeço aos meus pés (Pezão e Pezinho) por terem me levado ao encontro dessas pessoas maravilhosas.


Sigo curiosa por aqui para descobrir O que meus pés me contam…



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